O tempo mudar-te-á. O tempo muda-te. Os teus defeitos
tornar-se-ão exagerados. As tuas qualidades serão diminuídas. Tudo o que de
apaixonante possuías e demonstravas desvanecer-se-á. Os teus belos olhos
verdes, já não serão belos. A tua apetitosa boca carnuda deixará de ser
apetitosa. O teu porte masculino e atraente, não mais atrairá. Tudo porque já
não serás segredo. Tudo porque os mistérios do teu corpo parecerão revelados e
descodificados os caminhos do teu pensamento e previsíveis as tuas acções. O que
de cativante existia transformar-se-á em aborrecimento. Tu não serás o mesmo.
Já não o és.
Mas a imagem que se acorrenta à (minha) memória é a do brilho dos teus olhos, do teu sorriso, é a lembrança do cheiro da tua pele, da suavidade da palma da tua mão, da tua face, é a recordação sonora da tua voz grave. Na minha memória ficarão gravados só pequenos instantes da tua presença. E será na tua ausência que eu recordarei os melhores momentos, os mais breves, aqueles a que o tempo não toca porque não se prolongam. Será na tua ausência que eu saberei o todo que tu és, pelo pouco que te sei. Será na tua ausência, na ausência da tua presença cativante e apaixonante, que eu recorrerei aos instantes guardados na minha memória e me apaixonarei de novo e ignorarei o que o tempo te faz ser, o que a ausência de segredo me revela. É pela minha memória que eu te adoro e te adorarei acima de quaisquer transfigurações a que o tempo te sujeitará.
Mas a imagem que se acorrenta à (minha) memória é a do brilho dos teus olhos, do teu sorriso, é a lembrança do cheiro da tua pele, da suavidade da palma da tua mão, da tua face, é a recordação sonora da tua voz grave. Na minha memória ficarão gravados só pequenos instantes da tua presença. E será na tua ausência que eu recordarei os melhores momentos, os mais breves, aqueles a que o tempo não toca porque não se prolongam. Será na tua ausência que eu saberei o todo que tu és, pelo pouco que te sei. Será na tua ausência, na ausência da tua presença cativante e apaixonante, que eu recorrerei aos instantes guardados na minha memória e me apaixonarei de novo e ignorarei o que o tempo te faz ser, o que a ausência de segredo me revela. É pela minha memória que eu te adoro e te adorarei acima de quaisquer transfigurações a que o tempo te sujeitará.